CANTIGA DO BREJO

Coaxos na lagoa, terra de sombra e fluidez.

Sapos alhures, sapos algures, coaxos

Logo após o crepúsculo, tenores e baixos,

Sapos que cantam juntos ou por vez.

Há brejos, córregos, regiões alagadiças,

Água de chuva ou que minam da terra.

Girinos borboleteiam na água da poça

E as rãs, tão chãs, sambam feito passistas

Na escola de samba ao pé da serra,

Cujo samba enredo contém palavras compostas.

E eu, como sapo que sou, coaxo, saltito,

Canto meu canto anfíbio para o infinito.

Celebremos a vida,felizes, sob as moitas.

Não há jamais espaço para decisões afoitas.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 06/08/2018
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