Pelo rio
Nunca me canso de olhar a cidade
Os morros, os prédios com sacadas vazias
O contorno do rio que se represa.
Toda cidade está com frio
Também há os que têm fome
E os que não têm ninguém, nem abraço.
Solitário, o catamarã procura a margem
Despeja devagar as pessoas caladas
Inconformadas ou resignadas, tementes.
Todas as ilhas são como as pessoas que são ilhas
Habitam a melancolia ...
Tento improvisar uma pequena felicidade
Mesmo diante da dor alheia
Mas ela, a felicidade, é fugaz
Logo me escapa
Então, no frio de oito graus, me recolho
Quiçá triste, mas dentro de um abraço.
Beijo a todos!