BUCÓLICA

O POETA DO SERTÃO

Meu fala é diferente dosotro...

Canto co sabiá...

Trabaio com mão grossa

E canela fina que não ingrossa!

De dia me embrenho na mata;

De noite canto pra muié!

Sou poeta de cabelo desdenhado.

Cuspo o fumo mascado no sapé.

A viola chora a percura do amô!

Sou caipira sinsinhô!

Meu verso singelo e sem nome

Não sei assina... Sou pobre e

Sem cobre não pude estudá

Pra morde formá!

Meu pensá vem da mata!

Meu oiá só vejo o vento

Que, sopra e a chuva, que, cai!

O pintacirgo, que, assobia

No fim da porfia!

Sou poeta da roça, que, gosta

Da terra roçá e amo capiná...

Aqui é meu rincão,

Minha poesia é do sertão!

Eu e a muié aqui na chopana

Coberta de barro e sapé,

Tem no bule muito café!

Na noite arta nois ama;

Eu e minha dama!

Nasce o sor e nóis vamo

Embreinhá no sertão

Prantá e coiê nosso pão!

Jose Alfredo

Jose Alfredo
Enviado por Jose Alfredo em 11/06/2018
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