AREIAS DO TEMPO
No funil da ampulheta
o tempo que caía, cantava
cantava as alegrias dos encontros
e dos encantos da partilha
muitos partilharam comigo
noites de lua cheia
conversas sem fim
serenatas e cantorias
madrugadas terminadas nas areias da praia
quando as águas do mar
em espuma chanpanhada
brindava os laços
que se fundiam no cotidiano do amar
muitos também partiram
deixando dor em lágrimas, espaço vazio
pertencente ao amigo
boca sedenta de beijos
da paixão que ardeu nas entranhas
mas o fio de areia
ainda está a gotejar, marcando o tempo
tempo presente
que se vive agora
tempo de paz e de guerra
de música e silêncio
de amar e amar
até o derradeiro e último momento
em que caia
o último grão de areia