Meu espelho
Fiz de mim promessas sem fim, rampa de altos e baixos, meu próprio encalço, meus tropeços, minhas quedas e decadência.
Fiz de mim, máquina de sonhar, meu indefinido caminhar, nas longas ruas, descalça em solo, a me queimar.
Fiz de mim, o alvorada, o sol a crepitar, nas chamas dos olhos, a guiar sem olhar.
Fiz de mim um eu questionador, um vestígio de construção, a alma inquieta, voando sem direção.
Fiz de mim meu chalé , meu aconchego, meu doce café, para cada manhã que me vejo de pé.
Fiz de mim um poço, o meu repouso diário, o lar que me acolheu, fui meu próprio mural.
Fiz de mim ponte, travessia, meu regresso, minha estadia.
Fiz de mim corpo em febre, vozes do infinito, meu eco..meu próprio grito.
Fiz de mim fogo e água, matando a sede na seca da garganta, algo que espanta, e a solidão do mar me encanta.