EU, CAÇADOR DE MIM
O ovo: prenúncio ou anúncio de um ciclo novo.
A larva: arvorecer da infraestrutura de um novo ser.
A lagarta: o poder, que da planta escolhida se farta,
após arriscado rastejamento em busca de alimento.
O sofrido rastejar fá-la desejar outra forma de vida.
Extasiada, quer o firmamento, por isso é castigada.
Tem por punição o construir sua própria prisão:
caos, casulo, túmulo, esqualidez, a escuridão...
Aí, de sua alma ávida surge a crisálida,
um sonho de filha da pupa se cristaliza:
lagarta travestida ou metamorfoseada,
redesenho fantástico de uma fada alada...
E se vê borboleta perfeita, umas mais que perfeitas.
Mudança que o humano passa e nem sempre aceita:
para uns o encantamento, vaivém do pensamento;
a luta em busca do sobreviver sem o sofrimento;
o discernimento do belo, o crer, o crescer, o saber...
Pra outros, a vida só passa, o disfarce, a barganha.
Para todos, o cume da montanha, a caça, a façanha,
a reprodução, a evolução, a invenção, o ar da graça.
A diferença possível é que a borboleta desconhece
em qual das fases a beleza de sua vida começa:
se é uma durázia de alguns dias ou de doze meses,
conforme a região, o tempo de casulo ou solidão.
De pouca pressa, só lhe interessa o néctar das flores,
que, solidárias, o trocam pela saudável polinização.
Seus caçadores cassam verdades e a própria idade.
Mudança só de amores, favores, sabores, valores...
Da flor, o ser borboleteante só detecta o néctar.
Não vê que o doce saudável ao amargo se amarra,
neste plano, aos prazeres e procederes do cotidiano:
dulcamara excitante da "metamorfose ambulante".
__________________________________________ Para o texto: O caçador de borboletas (T6268302) O ovo: prenúncio ou anúncio de um ciclo novo.
A larva: arvorecer da infraestrutura de um novo ser.
A lagarta: o poder, que da planta escolhida se farta,
após arriscado rastejamento em busca de alimento.
O sofrido rastejar fá-la desejar outra forma de vida.
Extasiada, quer o firmamento, por isso é castigada.
Tem por punição o construir sua própria prisão:
caos, casulo, túmulo, esqualidez, a escuridão...
Aí, de sua alma ávida surge a crisálida,
um sonho de filha da pupa se cristaliza:
lagarta travestida ou metamorfoseada,
redesenho fantástico de uma fada alada...
E se vê borboleta perfeita, umas mais que perfeitas.
Mudança que o humano passa e nem sempre aceita:
para uns o encantamento, vaivém do pensamento;
a luta em busca do sobreviver sem o sofrimento;
o discernimento do belo, o crer, o crescer, o saber...
Pra outros, a vida só passa, o disfarce, a barganha.
Para todos, o cume da montanha, a caça, a façanha,
a reprodução, a evolução, a invenção, o ar da graça.
A diferença possível é que a borboleta desconhece
em qual das fases a beleza de sua vida começa:
se é uma durázia de alguns dias ou de doze meses,
conforme a região, o tempo de casulo ou solidão.
De pouca pressa, só lhe interessa o néctar das flores,
que, solidárias, o trocam pela saudável polinização.
Seus caçadores cassam verdades e a própria idade.
Mudança só de amores, favores, sabores, valores...
Da flor, o ser borboleteante só detecta o néctar.
Não vê que o doce saudável ao amargo se amarra,
neste plano, aos prazeres e procederes do cotidiano:
dulcamara excitante da "metamorfose ambulante".
De: Damião Ramos Cavalcanti
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