TRÔPEGA ALEGRIA
Em Homenagem àqueles que levam os palcos... a além das próprias vidas...
I
Mártir eterno da perpétua alegria
Que mesmo chorando disfarça a agonia!
Trôpego sorriso que é só melancolia
No palco da sua vida, sempre triste e vazia.
II
Pelo picadeiro a pequenos passos lânguidos...
Encanta a magia da infância alvissareira.
Mágico!...que transforma os tristes sentimentos,
Em momentos de ternura e fantasia verdadeiras!
III
Caricatos são seus movimentos espontâneos...
Que escondem emoções, inclusive as mais profundas
Mas os olhos que não mentem são eternos refletores...
Da angústia acumulada, com quem trava sua luta!
IV
Suas rugas maquiadas já delatam todo o tempo
De Histórias pitorescas tantas vezes já contadas!
Pelos anos esquecidos no caminho ao picadeiro
Onde a lágrima do palhaço -que rolou...foi ocultada.
V
Maquiagem desbotada que usou por tanto tempo
Disfarçou tudo o que pode, muitas vezes obrigada!
Transformou o rosto triste, ampliou o seu sorriso
Só não pôs a sua alma a desfrutar das gargalhadas.
VI
E ao final do espetáculo, para ele rotineiro...
Repousou sobre o chão frio do humilde picadeiro.
Procurou pela criança tão assídua da platéia...
Em adulto transformada... já não aguarda a sua estréia.
Poema publicado em Coletânea Literária, Sp/nov/2000