Mel da noite

Quando a noite abre as cortinas

a vida, em lumes, se cumpre faceira

e as incandescências divinas

materializam suas vivências campeiras

Doce clarão que espelha

as devoções das aguadas

brandura líquida e fecunda

tilintando com louvor sua flor prateada

O vento dissipa ternuras sem arreios

campo afora, é quilha, é lastro

navegando em florescidos relicários

que remendam as distâncias dos astros

Horas mortas que vigiam as coxilhas,

arqueiam devotas as suas rezas

e semeiam um perfume que brilha

suprindo, em favos, as carências da terra

No olhar semeado de eterno facho

a poesia em voz melodiosa e delicada

acaricia o choro saudoso dos guachos

e reverencia a paz dos campos e suas moradas

É seu ofício andejar em fuso de amor,

evolar a suprema altura do céu

e beijar a relva, a esperança e a flor

e estender sobre a terra seu prateado véu

Uma luz em emoção remansada

sem beirais, raízes ou fronteiras

é pólen abençoando madrugadas

mel da noite - lua abelha

Denise Reis
Enviado por Denise Reis em 06/02/2018
Código do texto: T6246261
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