CONFISSÃO DE UM MIGRANTE
Completei o primário na Bahia
Morava no longínquo interior
Do mundo, pouco eu sabia...
Ser abestado e garoto inferior
Mas, aos quatorze anos de idade
Meu vizinho o senhor Zé Maria
Disse-me: parta para a cidade
O conselho, tudo que queria
Presente em minha mocidade.
Fui para Sum Paulo, grandeza
Atordoado e sem recursos
Demonstrei minha pobre pobreza
Ninguém me conhecia na cidade
Também não conhecia ninguém
Tristeza em plena mocidade
Ruídos, estranheza, vai e vem...
Graças ao santo e nobre Senhor
Encontrei um emprego decente
Foi minha sina, este Salvador
Hoje sou pobre, mas sou gente!