GRÃO DE AREIA
Suspiros inebriantes contrapondo-se ao bafo da noite
Eu nunca pensei em partir e abandonar
As razões mais imprecisas em dias de certezas
Mas não encontrei a rima perfeita para a poesia certa
As janelas estão sendo fechadas a cada passo que dou
Pelos corredores esbarro em restos de amor mal feito
Olho as manchas de gozo nos lençóis da semana passada
Não é o vento sufocante o que me mata nessa madrugada
Não adianta agora procurarmos qualquer explicação
Nada adianta a um coração que não sabe qual o significado
De ser um grão de areia no vasto deserto da alma
Apenas o vento tentando varrer o que arranha a esperança
Engulo seco o que a vida me oferece nesse momento
Em taças sujas de lembranças sobre frágeis tapetes
Ninguém me pede para abrir as portas da minha casa
Sigo meu destino me rastejando entre os cacos
De tudo o que um dia foi humano em mim