Poesia de outono
Preciso das luzes da cidade
Das vozes
Das bocas
Preciso do vaso sobre a mesa
Enquanto a noite cai.
Preciso da água da chuva
Dos mananciais
- Mais que tudo-,
Dos ventos e vendavais.
Preciso das mãos de um poeta
Da tinta fresca
Do barro fresco e do cinzel
Preciso acima de tudo,
Da gramatura do papel
E que não me despertem o sono
Os sinos das catedrais
Que caiam sobre mim
As folhas do outono
As labaredas acidentais de Portugal...
E necessárias se fazem
A calma e as manhãs
Pois das dores alheias e vilãs
Estou farta.
Que me aqueçam na noite
As tuas mãos...