Poesia de outono

Preciso das luzes da cidade

Das vozes

Das bocas

Preciso do vaso sobre a mesa

Enquanto a noite cai.

Preciso da água da chuva

Dos mananciais

­- Mais que tudo-,

Dos ventos e vendavais.

Preciso das mãos de um poeta

Da tinta fresca

Do barro fresco e do cinzel

Preciso acima de tudo,

Da gramatura do papel

E que não me despertem o sono

Os sinos das catedrais

Que caiam sobre mim

As folhas do outono

As labaredas acidentais de Portugal...

E necessárias se fazem

A calma e as manhãs

Pois das dores alheias e vilãs

Estou farta.

Que me aqueçam na noite

As tuas mãos...

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 07/07/2017
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