Sol da Minha Vida
Por que, sol, aquecestes minha alma?
Por que iluminastes meu coração?
Que imprevisível nuance dilacerante,
Que despudor ao despir-me,
E agora as trevas, a escuridão!
Obnubilado por obtusa e intensa dor,
Fatigado pelo medo,
Cáustico e triste,
Aniquilado em minhas esperanças de
Uma felicidade insólita e vangloriosa,
Sedento de amor,
Cheio de repulsa por mim mesmo,
Enfraquecido em minhas vontades.
Feliz, feliz foi o tempo de infância sem limites,
Como não amá-la e não se embalar em sua recordação?
Agora, sol, que tu passaste atemporal,
Só sorvo angústia,
Neste momento, ao meu redor,
Só existe o vazio. O vazio!
Tudo tornou-se tedioso e extenuante.
Oh! Eu o vi junto a lua,
Como é cruel a vida,
Como escarnece de nós!
Chegaram os dias de desencanto amargo,
E eu me desiludi de mim mesmo,
A vida não passa de uma série de desilusões.
Desilusões,desilusões, desilusões!
Como a vida deteriora as pessoas!
Como as pessoas deterioram as outras!
O coração me dói, algo me sobe
Á garganta e me exaure,
Vida horrível!
Estou ébrio de solidão,
E fico amargurado e ofendido ao ver que
Meu ídolo - o sol - começa a cair do trono
Sobre o qual foi colocado pela minha imaginação!
Estranha coisa, a vida, se olharmos em volta
Com fria atenção, não passa de um gracejo
Vazio e estúpido.
Oh vida! Por que me seduzes?
Se Deus me desse a força,
Eu te despedaçaria!