Se não hoje, num tempo que tanto demora
Cada dia que passo distante
Como se não houvesse o alvorecer
Como se a relva não banhasse a grama
Fria cama, sem te esquecer
O café negro retrata meu peito
A manteiga derretida, minha alma tristonha
As frutas me lembram seus lábios
Entrementes, me olhando risonha
Minhas roupas mal passadas declaram meu eu
Como se refletido no tecido a minha dor
O frio que gela minha face
Como se chicoteasse com furor
Ah! Que saudades que sinto de ti
Intensa saudade tatuada em meu coração
Nem mesmo a caneta e a folha que agora escrevo
Dos tempos primevos não faz menção
Teu poeta se calou
E como o sol ardente queimando o solo
Secam-se as lágrimas desse vencido
Ardendo a face de amor que jamais ignoro
Eu, teu poeta, te escrevo
Sob juramento de um dia te encontrar
Espero que nesta vida e tempo
Quiçá, noutra, em algum lugar
Quiçá no tempo chamado hoje
Oxalá, no dia chamado agora
Que seja no presente dessa vida
Se não hoje, num tempo que tanto demora