Lenda
Vi o pôr-da-lua translúcida
E ao amanhecer na vila,
De pé e de olhos abertos,
Atirei minha adaga n' água
Ferindo mortalmente os rios
O luminar pairava lá
Há tempos, cheio de tristezas
Carregadas pela madrugada
Que a silenciava no frio severo
Com o brilho retirado a forceps
Tentava adentrar o breu
No seu estado crescente,
Posto que ficara febriu,
Mais clara...
Tinha em abundância seu brilho,
Olhos atentos,
Porém, cegos de amores
Por madrugadas frias
E quase todos a viam vagar
Naquelas quietas madrugadas
Junto as estrelas mudas,
Nos invernos fatais
Meu coração
Cheio de rabiscos poéticos
Preferiu o silêncio
Por tudo que víra
Pelo clarão
Que abaixo dos céus se abria,
Sob sua luminosidade triste
Eu dormiria, fria
A vila, flores e navios em mar aberto,
Lendas e mais lendas...
Sua silhueta será vista
Por meus olhos nos muros,
Nos arredores... sempre.
Sempre junto as madrugadas frias.