IMAGEM DISPONÍVEL NO GOOGLE.

REEDIÇÃO

A ILHA



Este murmúrio das ondas batendo na praia
Quebrando o silêncio da ilha como um aviso,
Como se me dissesse que não grite mais alto
Do que as ondas que deslizam neste paraíso.

Na solidão voluntária que eu mesmo escolhi
Eu tento não lembrar sua imagem de sereia,
Mas o piar distante de uma gaivota solitária
Faz-me moldar seu corpo em grãos de areia.

Voam meus pensamentos junto com a gaivota
Levam os meus ais com este gosto de saudade,
Viajam pelo mundo numa busca sem esperança
De encontrar você, a dona da minha felicidade.

Até a nuvem branca perdida na imensidão azul
Não tem dó do meu choro que se perde no mar,
Caprichosamente esculpiu seu rosto tão amado
E até o seu doce sorriso, só para me ver lembrar.

Trovador




EU A MULHER E A ILHA


Minha barba branca e hirta cresceu

Meu cabelo louro esta cor de prata,

Rebeldes bem soltos, são como eu!

Rolam nos ombros como a cascata

Se prendem nos galhos desta mata,

Marcando a rota de quem se perdeu.


E vou morrendo aos poucos e pouco

Nesta ilha de encanto e de miragem,

Gritando seu nome até eu ficar rouco.

Vou decorando cada cor da paisagem.

A cada dia fico mais rude e selvagem,

Muitas vezes já me acreditando louco.


E olho para o céu procurando o sinal,

Que mostre o que fazer e como fazer.

Para tirar de mim este desejo do mal,

Para diminuir todo este meu querer,

E me dar a forças para eu sobreviver,

Conservando a vida com paz... Afinal.



SAUDADES DA ILHA



Entre as trilhas mal batidas da ilha solitária

procuro algum fruto para matar minha fome,

Ouço o murmúrio de águas em uma cascata

Parecendo que pronuncia o seu lindo nome.


E eu molho meu rosto nas águas cristalinas,

me abraçando às pedras que o sol aqueceu.

Adormeço sonhando que abraço o seu corpo,

para acordar com saudades de um beijo seu.


Comendo raízes de inhames e peixe assado

Eu vivo este dia a dia das horas vagarosas,

esperando sobreviver para voltar ao passado,

e abraçar seu corpo com o perfume de rosas.

Trovador.


 
A CABRITINHA

Coitadinho deste tal trovador,
Maldita seja a tal empreiteira!
Levaram-me e fazendo favor,
Pra a tal ilha da pederneira.

 Empregado bobo e novato,
Precisando muito trabalhar,
Ordem que dessem ao pato
Deus me livre de eu recusar.

Foi assim que me deixaram,
Cuidando do equipamento,
Ficar um mês me mandaram,
Vigiando um acampamento.

Junto das aves e dos bichos...
Maldade, como é que pode?
Agüentando só por capricho,
Eu; Cinco cabritas e um bode.

Com dezenove anos de idade,
E virilidade na ponta do pavio,
Pra esculhambar a dignidade
Duas cabritas entraram no cio,

Não havia mais jeito de ignorar
Aquele quadro era só covardia,
O bode só sabia cheirar e bufar,
Comer que é bom ele não comia.

Tudo foi aos poucos me tesando
Eu já chorava mostrando sorriso,
Aquele bode cheirando e bufando
Eu com inveja perdendo o juízo.

As cabras com fogo na piriquita
Eu quase cedendo à tentação,
Namorava o cachimbo da cabrita
Não nego, um dia passei a mão.

Mas eu pensava isto é pecado,
Um homem não deve, não pode!
Eu corria e pulava no mar gelado,
Ficava doido de ciúmes do bode.

Não teve outro jeito e eu apelei,
Podem pensar que é brinquedo,
Mas enquanto fiquei só na ilha
Me virei bem foi nos cinco dedos.

Patrão me achou maluco beleza,
Curaram  minha febre com dipirona.
Logo sarei, pedi conta da empresa,
Sai do navio, e fui morar na zona.

Isto é loucura e pode virar vicio,
Quer saber é? Fale quem quiser.
Pelo menos na zona de meretrício,
Não tem cabritas, não falta mulher.


04/05/2017 16:04 - Jacó Filho

Obrigado mestre Jacó pelo mimo da interação.


Por isso que no sertão,
Pra mulher muito bonita,
O homem diz pro coração,
Olha pr'aquela cabrita!

Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...
 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 01/05/2017
Reeditado em 04/05/2017
Código do texto: T5986286
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.