MARIA
Maria
Maria de suas ruas
de becos, vilas, esquinas.
Maria de tantas luas,
jovens, velhas, pequeninas.
Maria que vai com as outras
e outras Marias de Deus.
Que despontam pela vida.
Amor, saudade e adeus.
Maria, menina inocente,
carente, amante, mulher.
Tão secretas, tão demente,
Tão firmes em toda fé.
Maria, de seus abraços,
viver é a sua missão.
Traçando essa vida a laço,
ruminando seu perdão.
Maria, amor e desejo,
magia, esperança, calor.
A boca pedindo beijo,
o corpo implorando amor.
Maria, dourada esperança.
A tudo ativa em seu peito.
Maria, irisada aliança,
meio luz, fosca e sem jeito.
Dispersa, frágil, sombria
ata e desata o destino.
Serena melancolia,
translúcido desatino.
Maria, pobre Maria,
virgem pura e obscena
lenta e solta acolhe o dia.
Névoa que paira, serena.
Baça lua, sol da tarde,
Tateia a noite, sem nexo.
Em seu peito ovula e arde
a ternura do seu sexo.
Maria, doce Maria,
circula em torno da vida.
Às vezes, flor renovada,
às vezes., rosa partida.
Somos todas tão Marias
alegria, força, paixão.
Nas entrelinhas da aurora
juntas num só coração.
Traçando alguma poesia
na palma da nossa mão.
Marilia Abduani