MARIA

Maria

Maria de suas ruas

de becos, vilas, esquinas.

Maria de tantas luas,

jovens, velhas, pequeninas.

Maria que vai com as outras

e outras Marias de Deus.

Que despontam pela vida.

Amor, saudade e adeus.

Maria, menina inocente,

carente, amante, mulher.

Tão secretas, tão demente,

Tão firmes em toda fé.

Maria, de seus abraços,

viver é a sua missão.

Traçando essa vida a laço,

ruminando seu perdão.

Maria, amor e desejo,

magia, esperança, calor.

A boca pedindo beijo,

o corpo implorando amor.

Maria, dourada esperança.

A tudo ativa em seu peito.

Maria, irisada aliança,

meio luz, fosca e sem jeito.

Dispersa, frágil, sombria

ata e desata o destino.

Serena melancolia,

translúcido desatino.

Maria, pobre Maria,

virgem pura e obscena

lenta e solta acolhe o dia.

Névoa que paira, serena.

Baça lua, sol da tarde,

Tateia a noite, sem nexo.

Em seu peito ovula e arde

a ternura do seu sexo.

Maria, doce Maria,

circula em torno da vida.

Às vezes, flor renovada,

às vezes., rosa partida.

Somos todas tão Marias

alegria, força, paixão.

Nas entrelinhas da aurora

juntas num só coração.

Traçando alguma poesia

na palma da nossa mão.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 09/03/2017
Código do texto: T5935419
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