O seco da seca

O seco da seca

Debruço meu olhar lânguido sobre esse sertão cinzento

O horizonte se descortina bastante desolado e cabisbaixo

Lacrimejo e suspiro na esperançosa proliferação das chuvas

A seca carrega consigo o seco do sofrimento e das lamúrias

Rememoro as pastagens verdejantes e frutuosas de outrora

E assim misturo a poeira com o suor e a tristeza da sequidão

A terra morrendo e o semblante se desfigurando nesses ares tórridos

Não cabe espaço nem para lamentações e nem para amarguras

O coração sertanejo almeja na sua fé dias molhados e saltitantes

A alma se esvazia e os passos se esquadrinham pesadamente

O seco da seca é a ausência revoltante e a barbárie que se impera

A busca e o desejo se entrecruzam na indeterminação da dor

E essa anatomia do absurdo se traduz em peregrinação.

Pejotaribeiro
Enviado por Pejotaribeiro em 14/02/2017
Código do texto: T5912208
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