CONTEMPLAÇÃO
O meu céu está nublado cor de chumbo,
meu sol antes brilhante agora vejo fugir.
Com as nuvens fechadas e nimbos no ar,
eu sinto a promessa de chuvas á caírem.
Sob o céu as nuvens passam tão ligeiras,
levadas pelos fortes ventos como açoites,
para mitigar a sede daqueles que sofrem,
eu rogo que vá aos sertões mais ao norte.
As palmas dos coqueirais e as plantações,
gente e animais são todos nossos irmãos;
que agradecem refrescados pelos ventos,
as mansas ou fortes chuvas quando caem.
Nuvens, ventos, trovões, chuvas, descem;
e elas em festa veem feito um denso véu.
Encantam-me e me assustam sons, luzes,
os relâmpagos a clarear a água dos céus.
Enternecem-me esses vermelhos telhados;
abrigam almas, famílias, crianças, sonhos.
Procuram o conforto e segurança dos lares,
Fugindo ao frio, o medo do cruel abandono.
O sibilar dos ventos balançando as árvores,
meus cabelos, jardins, quintais e pomares,
os belos coqueiros, as árvores, essa terra,
banhados pelas chuvas, os rios e os mares.
Os passarinhos se aconchegam nos ninhos,
raros são os seus voos e o seu belo cantar.
No sertão seres viventes rogam por chuva,
e benefícios que elas irão trazer ao seu lar.
Seria o fim da fome, dor, seca e desolação.
Alguns sofrem por ter a chuva em demasia,
para a agricultura são bênçãos e satisfação.
Ao sertanejo ela é vida, fartura, renovação.