Novelos
 
Quem olha, e vê a carcaça,
Imagina o fim, a desgraça,
Sem vislumbrar o seu interior.
Nos brancos cabelos, as cãs,
Quais lindos novelos de lãs,
Guardam memórias de amor.
 
As lembranças dos tempos passados,
Da juventude, entre sorrisos trocados,
São retratos indeléveis da memória.
Nos asilos dos velhos, perdidos,
Como se fossem azulejos partidos,
Têm guardados uma parte da história.
 
De repente, ouve-se um acalanto,
Como uma luz, projetada no canto,
E a memória se tornou infantil...
Sentiu-se de novo, criança,
Embalado em sublime lembrança,
Da mãe, que já teve, e partiu...