Imortalidade
Jamais gritei
Declamei
Simplesmente atirei versos ao vento
Negritude dos dias
Alma que me consome as entranhas!
O vento? De meu nome nada diz
Alva parede pintada a branco giz
Quem se recorda? Nome? Grito?
Um murmúrio cantado ao infinito!
Quando compreendi o que a noite me pedira
Era tarde, muito tarde, jamais entenderia
Que as palavras da caneta soltas
Não me pertencem, sem rumo
Perdem-se na sala como fumo
No torneado de todas as voltas!
Sofro na escrita a busca da perfeição,
Triste melancolia sentir da perdição,
A saudade?
Fingida – talvez?
Arroto abortivo de um poema,
De um jogo, versos ou teorema,
Apenas viciosamente escrito,
Por um sonho megalómano
Fuga desenfreada a triste sina,
Imortalidade conseguida
Nas páginas brancas de um poema!
Nem páginas, nem pedra,
Tão pouco uma mão estendida
Ninguém saciará esta fome…
De me deixar morrer
A cada silêncio…
Alberto Cuddel
18:07
20/11/2016
In: O silêncio que a noite traz 38