AGORA SOU ANÔNIMA

Agora

sou anônima

e as pegadas que deixei

são bolhas d'água quando finalmente deito a cabeça

na grama da encosta deixando que o sol veja meu corpo

suado respirar sem pressa.

Agora

sou anônima

e as expectativas se calam dentro de mim

no silêncio desmaiado no meu peito quando deito em nevoa

minha cabeça na grama da encosta deixando que a noite macia

cubra meu copro feito de lembranças almofadas.

Agora

sou anônima

destravando embates, desfazendo perguntas

e quando as respostas desnecessárias sobrevoam

o alto da encosta são pontos luminosos que sobrenevam

caindo sobre a grama mergulhada na noite escura dos tempos como trilha de migalhas para minúsculas formigas.

Agora

sou anônima

e me sinto completa, um quase

desde a encosta até o fim mim.

Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 23/11/2016
Reeditado em 03/01/2017
Código do texto: T5832166
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