AGORA SOU ANÔNIMA
Agora
sou anônima
e as pegadas que deixei
são bolhas d'água quando finalmente deito a cabeça
na grama da encosta deixando que o sol veja meu corpo
suado respirar sem pressa.
Agora
sou anônima
e as expectativas se calam dentro de mim
no silêncio desmaiado no meu peito quando deito em nevoa
minha cabeça na grama da encosta deixando que a noite macia
cubra meu copro feito de lembranças almofadas.
Agora
sou anônima
destravando embates, desfazendo perguntas
e quando as respostas desnecessárias sobrevoam
o alto da encosta são pontos luminosos que sobrenevam
caindo sobre a grama mergulhada na noite escura dos tempos como trilha de migalhas para minúsculas formigas.
Agora
sou anônima
e me sinto completa, um quase
desde a encosta até o fim mim.
Baltazar