BACO-BACO

Um dois, três

Quatro, no seco saco

Balas perdidas, tidas

Noite escura no pátio

Pula bula no chicote

Com a sua gula, macaco

Salta íngreme de costas

Na crosta pato de trato

Taca no arredio, gato.

Escorrega na poça tosca

Cai no buraco de cacos

Todo enrugado, sapo

Passa frio no rio e rola

No trapo de costa o rato

Mordisca o queijo barato

Descoberto, sai na entorta

Afoito se esconde na porta

Fitando arredio, prato

Observa tênue a sopa

Na língua a bolha póca

Quente fervendo o tato

Dança na harpia a polca

O povo criado na roça

O manco cambaleia chato

Com a sua muleta, fraco

Na triste parada de sinuca

Caduca na mira o taco

Parem com isso, chouriço

Tantos e tantos enguiço

Misturados ao baco-baco

Se não pode parar, passo

Se é pra você, não faço

Farmácia remédio, frasco

Serve a doença do baço

E come da cana o bagaço

Chupa do tempo o mormaço

Tudo em fim se agregou

E se enrolou no embaraço

A mulher e o seu macho

Nos braços do seu amor

O navio sobre cais

Buraco enchendo no casco

Despedida e muita dor

Cavalo ferrado, fiasco

Calor de brejo, casaco

Velho e bilro com espirro

Passa o dedo no tabaco

Com pílula no fraco frasco

Catinga e pinga no sovaco

Machado, madeira cavaco

Moça choça de fino trato

Gerigonça com palhaço.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 28/10/2016
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