BACO-BACO
Um dois, três
Quatro, no seco saco
Balas perdidas, tidas
Noite escura no pátio
Pula bula no chicote
Com a sua gula, macaco
Salta íngreme de costas
Na crosta pato de trato
Taca no arredio, gato.
Escorrega na poça tosca
Cai no buraco de cacos
Todo enrugado, sapo
Passa frio no rio e rola
No trapo de costa o rato
Mordisca o queijo barato
Descoberto, sai na entorta
Afoito se esconde na porta
Fitando arredio, prato
Observa tênue a sopa
Na língua a bolha póca
Quente fervendo o tato
Dança na harpia a polca
O povo criado na roça
O manco cambaleia chato
Com a sua muleta, fraco
Na triste parada de sinuca
Caduca na mira o taco
Parem com isso, chouriço
Tantos e tantos enguiço
Misturados ao baco-baco
Se não pode parar, passo
Se é pra você, não faço
Farmácia remédio, frasco
Serve a doença do baço
E come da cana o bagaço
Chupa do tempo o mormaço
Tudo em fim se agregou
E se enrolou no embaraço
A mulher e o seu macho
Nos braços do seu amor
O navio sobre cais
Buraco enchendo no casco
Despedida e muita dor
Cavalo ferrado, fiasco
Calor de brejo, casaco
Velho e bilro com espirro
Passa o dedo no tabaco
Com pílula no fraco frasco
Catinga e pinga no sovaco
Machado, madeira cavaco
Moça choça de fino trato
Gerigonça com palhaço.
Antonio Montes