MEU RECANTO
Saí pela porta, do fundo, de casa
Logo após o meio-dia
Viva a folga do trabalho!
Tirar laranjas
Aguar as plantas
Ouvir cantar Seu Sabiá.
Beirar as árvores
E sentir o vento cobrir meus cabelos
Com brancas flores das laranjeiras.
Vento perfumado!
Chão abençoado!
Lugar do meu morar!
Rosa, orquídea e jasmim
A enfeitar minha tarde.
Quintal e jardim.
'Prum' copo cheio de chá
Busco hortelã, espinheira-santa, capim-limão,
Boldo, quina, guiné ou gervão,
Sálvia, guaco ou alecrim.
Troco o olhar voltado ao chão
Pelo olhar para o espaço
Faço de um simples sorriso minha oração.
Troco a terra dos vasos
A água dos pássaros
Replanto a emoção...
Espreito o beija-flor no descanso
Num galho seco, um pica-pau martelando
Vejo guachos, barulhentos, em bando.
Cumprimento as pombinhas,
Retiro os temperos
Pra levar pra cozinha.
O sol me diz que já é hora
Da água ferver 'pro' café
Sinto cheiro de pão caseiro ...
A sombra aumenta quando o sol se esconde
A pausa do dia - as aves anunciam, de longe.
Lá vem lua cheia, no azul marinho, reinar
E algumas estrelas convidam-me, no jardim, para ficar.
O trabalho me espera 'pro' dia seguinte
Vontade não falta
Não posso tardar.
Esperem as férias
No meu jardim
À noite, verão:
Estarei a olhar constelações
Porém minhas obrigações
Dizem que devo entrar.
Até, então!
Elenize
20/09/2016