A paz da roça que eu queria ter
Gilberto Carvalho Pereira, Fortaleza 2 de julho de 2016
Estava na roça, a observar,
O som da natureza a embalar
Aquela beleza a me deslumbrar,
E a paz a invadir aquele lugar.
O zumbido das abelhas a fervilhar
Levou-me, do devaneio, a despertar.
O vento frio, folhas velhas a levantar,
Ao som de muitos grilos a cricrilar.
Os sapos não paravam de coaxar,
Os patos, em uníssono, a grasnar,
Eu fui à roça para descansar.
Em de dia de repouso, relaxar.
Ao longe, bois e vacas a mugir.
Mais perto dali gatos a miar.
Na pocilga muitos porcos a grunhir,
E eu na roça a me desmiolar.
Os cavalos relinchavam de fome,
As ovelhas a balarem em desespero,
Pareciam acometidas de uma síndrome
Embora isso pareça, nada é exagero.
A paz que eu almejava na roça,
Nada se confirmou pelo dia inteiro,
Ansiava colher, ao final, mandioca.
Impossível, pois caiu um aguaceiro.
Voltei para a cidade apinhada,
Cansado do zumbar da roça,
Continuar em minha paz castrada,
Dormir em minha calma palhoça.