Não é um jogo

Hoje, meu brilho não surgiu.

Nada pra mim fluiu,

É como se tudo me fugisse.

O sangue para de correr nas veias.

O coração despedaçado sagra.

E grita, e muito mais chora,

Chora pela música,

Que não tem mais ritmo.

Pela poesia,

Que não tem mais rima,

Tira-se dali, do belo sorriso,

O motivo de sorrir.

E o que será esse motivo

Ou quem sabe, melhor dizer,

Quem seria aquele que rouba.

Que ousar tirar o seu sorriso.

Será que o motivo de sorrir,

Seja o mesmo de chorar?

Tão bela e tão triste

O que lhe sobra, senão a morte,

"angustia de quem vive",

Ou talvez seja a solidão,

"fim de quem ama".

Mas enfim, e no fim,

E por esse fim,

Ela busca entender,

Finalizar o fim,

Da sua dor, do seu sofrimento,

De todo esse sofrimento,

Que lhe tira o sorriso.

A água que lhe sacia

É, agora, puro sal,

São lágrimas do mar,

Ou são um mar de lágrimas

Ela não ousa sorrir,

A sorridente menina,

Não fascina mais nada.

E o que lhe resta,

Nessa estrada?

Seus devaneios,

De repente, viram pesadelos.

Buscando amar, foi amada.

Mas foi. Esse pretérito,

Pra ela não foi perfeito,

Foi motivo de desgosto

De choro, de sofrimento.

Cadê aquele brilho

Do teu sorriso lindo?

Não é mais lindo.

Nem mais sorriso.

Nada agora resta,

Senão a desgraçada.

A imortal esperança

Que tudo mude

Que o tempo passe

Mas como um piscar de olhos.

Não adiantar chorar.

Ela sabe que não.

Que alguém avise

Aquelas lagrimas,

Aquelas que ela ver cair

Quando encontra o espelho.

E seu batom vermelho

Ainda está ali,

Não foi borrado.

Ninguém ouse chegar perto,

Não seria boa ideia,

Borrar o sangue,

Aquele que transborda,

Que sai pela boca febril,

Fruto de um problema.

De um psicológico afetado.

Mil vezes amargurado,

De alguém que deseja,

Com toda a sua ré força,

Talvez inexistente,

Ela ainda deseja,

Que por acidente,

Congelem seu coração

De tal forma,

Que ele não sinta nada,

E só derreta novamente,

Caso algum fogo,

Que seja ardente,

Encoste-lhe.

Mas isso não vai acontecer

Nada nunca acontece,

Não é questão de escolha

Nem de sorte.

Nem tudo se escolhe

Nem tudo é um jogo,

Não é, infelizmente!