BEIJAR O CÔA
“Para Guida Machado”
Cantando férias junto às Terras de Ribacôa
Na matutina aragem que do sol se apanha
Molhei os pés nas claras águas do rio Côa
Que vem descendo a raia dos lados de Espanha.
Nascendo na rochosa encosta de Malcata
Desliza languidamente seu leito fluvial
E mata a sede à alma de uma terra ingrata
Beijando loucamente o castelo de Sabugal.
As azulinas águas deste esbelto rio,
Serpenteando por entre copas esverdeadas,
De sul a norte vão correndo sem desvio
Até abraçar o nobre Douro apaixonadas.
Do mais alto das cinco quinas imorredoiras
Num memorial de história ainda não cantada
Venho beijar o Côa em águas trovadoras
Ecoando na minh´ alma a madrigal balada.
Nas delicadas margens de ares salgueirais
Pendem as sombras familiares refrescantes
Convidando a piqueniques ternos e frugais
Regados com abraços e beijos de amantes.
Ó águas frescas, que rumais até ao norte,
Dizei à minha Musa que andará perdida
Que este meu sonho é irmão da suspirada sorte
E nela - sabe-o Deus - estará a minha vida!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA