O ronco do trovão

Minha ligação com o sertão

É umbilical

Meu umbigo foi enterrado

Na porteira do curral

Já dizia o meu avô

Quem ali o enterrou

Que era para da sorte

E ter muito capital

Ser um rico fazendeiro

E ter vários currais

Até já tive gado

E outros animais

Mas a maior riqueza que eu tenho

Eu não esqueço jamais

É ter o sertão

Dentro de mim

E para aonde eu vou

Junto comigo ele vai

Sei de tudo do sertão

Dos costumes do caboclo

O tempo de fazer a roça

E arrancar os tocos

Conheço os rastros dos bichos

Se o inverno vai ser pouco

Parece que eu nasci

E lá também eu vivi

Sou igual a um caboclo

Gosto das coisas simples

Que tem lá no sertão

De prosear no terreiro

Ouvir o a boio de Tonhão

Posso ir para a China

Ou até mesmo ao Japão

Mais quando cai uma chuva

E ouço o roncar do trovão

Ninguém me segura

Volto para o meu sertão

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 29/07/2016
Reeditado em 03/08/2016
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