O ronco do trovão
Minha ligação com o sertão
É umbilical
Meu umbigo foi enterrado
Na porteira do curral
Já dizia o meu avô
Quem ali o enterrou
Que era para da sorte
E ter muito capital
Ser um rico fazendeiro
E ter vários currais
Até já tive gado
E outros animais
Mas a maior riqueza que eu tenho
Eu não esqueço jamais
É ter o sertão
Dentro de mim
E para aonde eu vou
Junto comigo ele vai
Sei de tudo do sertão
Dos costumes do caboclo
O tempo de fazer a roça
E arrancar os tocos
Conheço os rastros dos bichos
Se o inverno vai ser pouco
Parece que eu nasci
E lá também eu vivi
Sou igual a um caboclo
Gosto das coisas simples
Que tem lá no sertão
De prosear no terreiro
Ouvir o a boio de Tonhão
Posso ir para a China
Ou até mesmo ao Japão
Mais quando cai uma chuva
E ouço o roncar do trovão
Ninguém me segura
Volto para o meu sertão