Abelha rainha
Melífluo voo ao tépido descanso
ofertas doces beijos, ao descanso.
Correspondes, assim... tão gentilmente,
indo ao pomar, buscar alegremente.
E traz ao teu amado, inspirado,
sob o glauco jardim, d'amor oculto.
Mostra-te a face, dum aspecto ínclito.
Contai histórias, vindas lá do céu,
porque nas nuvens, quero (lá) estar
também contigo. Sei imaginar
o quão bom seria voando em meus braços,
carregando-na numa onda de abraços.
Feita duma visão jamais sonhada
pelos que aqui estão em terra ilhada.
Não fitam o que tanto vejo e amo;
banhada no mais puro âmbar dum ramo,
em que as folhas outonais, se balouçam...
dentre nossas carícias, que se roçam,
e uma a uma, são raios trescalados,
no mel cristalizados, e tocados
dissolvem... por tuas mãos, num lume,
a esvoaçar p'lo ar num raro perfume.
***
São Paulo,
18 de maio de 2011.
* Versos decassílabos, em ritmo heroico (6ª e 10ª).