Sem plumas e rimas
Chove.
Não vejo nuvens;
silêncio, sim.
Chove!
Nada mais
me inunda,
tampouco me
acalenta.
Chove!
O pó visto em matéria
continua seco,
carne ao sol.
Insosso charque sem
digitais.
Chove, mas
a água não cura
a dor e a boca ainda
estática tem sede.
Chove.
Mesmo sem dança
o aguaceiro faz lama
na alma em poça.
Chove e
o medo se encharca
de tempestades e
ventanias.
Chove, deveras...
e o deserto permanece
como é:
solidão
solidão
sol...
Águas mornas não
matam a sede...
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
a chuva serve;
observa;
mas só o solo me sorve
Henrique Pitt
Sarau
A convite de José Coelho Fernandes, Naty Esteves e Kiko Alves