Sem plumas e rimas

Chove.

Não vejo nuvens;

silêncio, sim.

Chove!

Nada mais

me inunda,

tampouco me

acalenta.

Chove!

O pó visto em matéria

continua seco,

carne ao sol.

Insosso charque sem

digitais.

Chove, mas

a água não cura

a dor e a boca ainda

estática tem sede.

Chove.

Mesmo sem dança

o aguaceiro faz lama

na alma em poça.

Chove e

o medo se encharca

de tempestades e

ventanias.

Chove, deveras...

e o deserto permanece

como é:

solidão

solidão

sol...

Águas mornas não

matam a sede...

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

a chuva serve;

observa;

mas só o solo me sorve

Henrique Pitt

Sarau

A convite de José Coelho Fernandes, Naty Esteves e Kiko Alves

Luz de Cristal
Enviado por Luz de Cristal em 14/07/2016
Reeditado em 15/07/2016
Código do texto: T5697116
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.