MALANDROS DOS MELROS
Eu tinha uns melros à porta
Espertalhões e vorazes
De manhã foram-me à horta
E de fruta comeram cabazes.
Pensando que os malandrões
Do pior seriam capazes
Fui-me logo aos quarteirões
Vigiar os meus ananases.
Vendo-os amadurados,
À sombra da laranjeira,
Fui esperando que os malvados
Voltassem à brincadeira.
Mas, voltaram lá agora,
Já nasceram ensinados!
Ouvi ao fim de uma hora
Bem ao longe os seus trinados.
Há melros por todo o lado,
E há-os de bico amarelo
Por mais que se tenha cuidado
São todo o ano um flagelo.
Mas há malandros piores
Bem sei, oh se não sei,
Por mais que façam furores
Nem à fisga, nem à lei!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA