Raiva

Devolves cativos os gélidos sentidos,

Das cores escuras, depressão confusa,

Querer fugir, reprimir o negro desejo,

Ver escapar esfumando-se por entre os dedos,

Escorrendo pela brilhante lamina as gotas da vida!

Gotejando quentes no gélido mármore,

Uma após outra, sorvendo de ti a vontade contínua,

Partir em demanda, gritando impropérios,

Contra os felizes donos dos impérios,

Cor-de-rosa pintados, onde reina o amor,

Há raiva! Força contida que se espera soltar,

Num abrir do peito, rasgado, pelo sofrimento!

Há dor! Quietude, aninhado num canto,

Gotas escorrem, reprimindo o alto pranto!

Sirio de Andrade
Enviado por Sirio de Andrade em 12/06/2016
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