Casa de Vidro
Eu sei.
Tenho que ser forte
E tenho que ter coragem
Eu preciso te esquecer.
Mas como esquecer o que quero tanto lembrar?
Como esquecer o que está na minha pele, nos meus olhos
Entre os meus cabelos
A lembrança que sufoca os meus dias
E até no silêncio grita e extravasa todo desejo?
E eu me calo, emudecida pelo medo do fracassar.
Teu perfume, quase inócuo insiste em exalar
Um amor quase sóbrio e vadio
Sem casa, sem sonhos, rouco e vazio.
Um amor sem porém, entretanto, contudo
Apenas mais e mais e mais e mais...
Sim, as interjeições já se esgotaram
E as explicações já se cansaram
Sobrou apenas uma canção
Uma saudade vazia, uma rosa
Quem nem sei se ainda a guardas.
E de todos os retratos rasgados, cartas apagadas
Lágrimas sufocadas, mentiras mascaradas,
Gritos mudos, dedos marcados, torpor
Sobrou apenas mais um poema de amor
E eu queria tanto que pudesse lê-lo.