Rotina
Respiro a luz de um velho dia.
É sempre a mesma aflição,
A mesma apatia.
Resplandece em meus olhos mudos
Os mesmos raios ferozes,
Os mesmo anjos tortos.
Torço para correr o tempo,
Torço para o tempo morrer.
Uma morte profunda e natural,
Uma sorte num grito gutural.
Sonho os mesmos sonhos de antes.
De bonança, de futuro, de esperança...
Sempre será melhor, mesmo se for pior.
Sonhei com dias melhores que estes.
Ouço as mesmas vozes de ontem,
Mas num dia novo, igual a todos.
Falo as mesmas palavras passadas,
Com velhos sotaques carregados,
Com o mesmo pavor,
De ter me acostumado.