NATUREZA

NATUREZA

Ah! Só agora estes olhos vêem,

O quanto te despiram! Sertão querido.

Quão diverso do que foste outrora.

Antes tão lindo e sempre sorrindo...

Celeiro dos pássaros em gorjeios lindos,

De orvalho, daquele verde luzindo...

Agora triste! Deserto! Tão deprimido!...

Retrato do que foste guardo comigo:

Teus arvoredos aos céus subindo...

Decorado com lâmpadas de cristais

E pelo luar suave e apaixonante.

Eram as mãos da bem-aventurança

Sobre teus matagais e teus encantos.

Os olhos que antes te viram,

Não mais ver-te-ão tão lindo.

Regado pela imposição do destino.

Os pássaros construindo ninhos.

As cigarras a estridular em coro,

Glorificando as alvoradas deste paraíso,

Tão românticas! Assaz tranqüilas...

Num esplendor de beleza tão esquecida.

Mata verdejante, que antes doou sombra,

Folhas, flores, frutos, clorofila...

Pela fotossíntese tornou o ar rarefeito,

Doando vida e equilíbrio ao planeta.

Agora te vejo transformada em toras miúdas,

Transportada numa monstruosa carreta.

DJALMA PEREIRA GUEDES