_ Velhos retratos:
 
O espelho já não me engana, nem sorri
Não como antes, me agradava ver o brilho
A minha juventude envelhece apressada
Os meus cabelos ficam brancos
Lentamente, lentamente... Eu sigo.
 
- Velhos retratos me trazem uma latente dor.
 
Os anos passam por mim como o vento
A vida passa por mim como a água
As pessoas passam por mim como um deserto
Lentamente... o retrato fica amarelado
E os meus olhos mais tristonhos.
 
- Velhos retratos me transbordam de saudade.
 
Velhos retratos não amortecem minh’alma dolorida
Eu faço anos no mesmo dia que meu pai nasceu
E no mesmo dia que meu amor chegou sorrindo
Mas nenhum deles, agora está aqui comigo.
 
- Velhos retratos me deixam longe de quem eu mais amei.
 
Os anos já não se escondem atrás das paredes
Chegam-me firmes como rocha a beira do mar revolto
Fazer anos num dia de tantas lembranças
É dilacerar a alma que tenta me escapar.
 
- Velhos retratos me fazem viver tanta coisa, durante tanto tempo...
 
Os anos passam, o meu amor eterno se foi de mim
O meu pai nem conhece o meu rosto agora
A vida está distante e a casa tão vazia
Fazer anos é acorrentar-me a uma dor sem fim.



Léa Ferro



 
Léa Ferro
Enviado por Léa Ferro em 15/04/2016
Código do texto: T5606189
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