O SANATÓRIO
O SANATÓRIO
Grande flor branca
nascida agora tudo morre
a seu lado
beleza quer o sol pleno
sereno caído
no lindo poema das coisas
dela hibernadas
descende de um caule
aonde vinha dormindo
subindo no claustro
se abrindo
plena de liberdade
quer ovular com o ar
ar vá dissolver-me
nos lugares escolhidos
brejos poças lamas
matas colinas telhados
casas velhas domadas
quero me abrigar por cima
decorar a paisagem
de um tempo morto
grande flor branca
um rubro manchado
por dentro
expõe outra fama
vestido de dama
transfigura pele
e o desejo que ferve
coberto
e o negro desejo inserto
perdendo pra fuga
consola vertigens
de amor completo
num dilema basco
cantarolando
buscando quem por encanto
despe a conduta
pela música doce curta
do perfume breve
perdura leve abstrato
no vaso chorando
absurdos prantos
poderiam voltar meus anos
noutro fim de inverno
grande flor branca
véu da santa te serve
não acredito no céu de anjos
eles mentiram
veneraram antigos
loucos
de tudo que é breve...
MUSICA DE LEITURA: https://www.youtube.com/watch?v=jT9kegPf1-o