DISTRAÍDA
Estás arredia.
A casa é pequena
E mesmo assim não te encontro mais.
Te vejo passar todo dia
Para os quarotos,
Para o banheiro, para a cozinha,
Para a sala
E para porta que te leberta de mim.
A mesma porta que ao cair da noite
Te conduz ao calobouço.
Ficas presa e se liberta
Nas cadeias dos aplicativos,
Do Face, do vazio mundo
Cheio de ilusões tão doces.
Passaste a viver distraída,
Tens se tornado a estranha
Que mais conheço
E a conhecida que mais me estranhas.
Na estranhez está o perigo:
Não se faz reconhecer o amor.
Aliás, o amor e seus momentos mágicos
Perdem a afabilidade
Que deveriam ter e principalmente ser:
- Uma novidade.
Perdendo, o amor, esse encanto,
Debate-se o amar
Como borboleta na teia traiçoeira
De uma imprevisível aranha
Que a espreita vive vigiando
As pobres borboletas distraídas
No compasso dos seus balés suaves
E disformes.