LARGO DO MENDANHA
LARGO DO MENDANHA
BETO MACHADO
TIÃO AINDA TINHA SOB AS UNHAS
AS ESCAMAS PINIQUENTAS DAS CAIANAS.
E AS VESTES SURRADAS ENTREGAVAM DONDE VINHA:
DESCERA DA SERRA CARREGANDO AS NÓDOAS
E O DISFARÇADO CANSAÇO,
MAS AS CANAS VIRARIAM CALDO DOCE
E PARCO LUCRO NOS POLOS DA CADEIA.
E A PRAÇA ERA SEMPRE O DESTINO
DOS LOTES AURI-VERDES DOS GOMINHOS
E DO FINDAR DO SEU CANSAÇO,
QUE INCOMODAVA O CORPO,
SEM MUDAR SEU FRONTISPÍCIO.
SEM MUDAR OS MOTES DAS CONVERSAS:
MULHERES, FUTEBOL E VIRILIDADE.
A BICA D’ÁGUA DA PRAÇA,
DÁDIVA QUASE SECULAR,
AMENIZA O CALOR DOS PASSANTES,
E, ANOS E ANOS A FIO,
AFAGA AS MEMÓRIAS AFETIVAS,
MITIGANDO SEDES E SAUDADES
NO VELHO LARGO DO MENDANHA.