LARGO DO MENDANHA

LARGO DO MENDANHA

BETO MACHADO

TIÃO AINDA TINHA SOB AS UNHAS

AS ESCAMAS PINIQUENTAS DAS CAIANAS.

E AS VESTES SURRADAS ENTREGAVAM DONDE VINHA:

DESCERA DA SERRA CARREGANDO AS NÓDOAS

E O DISFARÇADO CANSAÇO,

MAS AS CANAS VIRARIAM CALDO DOCE

E PARCO LUCRO NOS POLOS DA CADEIA.

E A PRAÇA ERA SEMPRE O DESTINO

DOS LOTES AURI-VERDES DOS GOMINHOS

E DO FINDAR DO SEU CANSAÇO,

QUE INCOMODAVA O CORPO,

SEM MUDAR SEU FRONTISPÍCIO.

SEM MUDAR OS MOTES DAS CONVERSAS:

MULHERES, FUTEBOL E VIRILIDADE.

A BICA D’ÁGUA DA PRAÇA,

DÁDIVA QUASE SECULAR,

AMENIZA O CALOR DOS PASSANTES,

E, ANOS E ANOS A FIO,

AFAGA AS MEMÓRIAS AFETIVAS,

MITIGANDO SEDES E SAUDADES

NO VELHO LARGO DO MENDANHA.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 07/03/2016
Código do texto: T5566210
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