ALVORADA SERTANEJA

No áureo horizonte da terra querida

O rei poderoso desperta brilhante

Trazendo consigo a energia da vida

Pro frágil vivente de pálido semblante.

Nos galhos despidos dos arbustos sedentos

Os passarinhos multicores iniciam a festa.

As corujas cinzentas de olhos agourentos

Cochilam nos tocos da sinistra floresta.

Nas folhas mortas das gramas rasteiras

O álgido orvalho flutua maneiro.

As borboletas coloridas trafegam ligeiras

Encantando a paisagem do velho outeiro.

As pérfidas raposas de passos sutis

Fogem pra outras bandas, famintas, cansadas...

Enquanto os pirilampos de caudas febris

Apagam as lanternas e vão pras pousadas.

Do curral das fazendas, as vacas leiteiras

De tetas inchadas se ouve o mugir.

Bezerros cativos nas pernas traseiras

De olhos esbugalhados vendo o leite sair.

O dia chegou na bela alvorada

Tão cheio de vida, esperança e emoção!

Assim é a alvorada nativa e encantada,

Alvorada festiva do meu querido sertão!