A noite
Gilberto Carvalho Pereira, Fortaleza, 17 de fevereiro de 2016
Gosto da noite,
Das noites de chuva, com calçadas molhadas, iluminadas pelas luzes dos faróis dos carros,
Das noites frias, para me aconchegar ao lado dela,
Das noites de luar, ver seu rosto prateado pela luz desse fabuloso astro,
Das noites quentes, à beira mar, lavar meus pés na água morna,
Das noites estreladas, e eu a aponta-las uma a uma, sem medo de verrugas na ponta do dedo fura-bolo,
Das noites de tempestades e relâmpagos, para apreciar a força da natureza,
Das noites sombrias, que despertam os meus medos,
Das noites de São João, ao redor da fogueira, ao som da sanfona,
Das noites no sertão, durante a revoadas dos vagalumes,
Das noites calmas, que me levam a criar poesias,
Das noites indefinidas, que me deixam confuso, sem inspiração,
Das noites na serra, com cerração, que esconde um palmo à frete do nariz,
Das noites de neblina, que parecem purificar a alma,
Das noites perfumadas da primavera,
Das noites longas do inverno, quando aumenta a preguiça,
Das noites de janelas iluminadas,
Das noites de natal, com troca de presentes.
Só não gosto das noites de insônia, que nos sugam as energias, que nos faz rolar na cama, amassar o travesseiro, contar carneirinhos, rezar para que se abra a luz do sol, que os sons dos movimentos matinais invadam o quarto e assim recomece um novo dia.