Ensaio sobre a chuva

Há no outro,

no grande Outro,

algo de indesculpável.

indivisível de nós mesmos.

Como quando se cruza

uma tempestade,

e subitamente

todos os ossos se sacodem.

Osso é íntimo,

intrínseco

(e só)

A pele formiga

se eriça

onde medem-se os traços

rabiscando rotas

nos pelos

planos,

fugas.

é função dos olhos

mareados

que

veem antes de tudo

o dever de revelar-se

Fragilizar-se para existir

O sol sai

(é sua natureza)

Mas és tu,

todo feito de relâmpago

e ventania

sopro transatlântico

geométrico

geográfico

És tu o Outro

a desvelar-se só

ao mundo

(ao mundo todo

e ao vento)

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 25/01/2016
Reeditado em 25/01/2016
Código do texto: T5522701
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