O Canto dos pardais

Ouço, dos pardais, um canto triste.

São cinco horas: o marco “um” da festa que percebo.

Revoam a copa da árvore surda

e pousam com suas asas bailantes

e em alguns instantes se calam.

Ouço-os em todos os plantões que dou no Laureano,

quando, às mesmas tardinhas, chegam e azucrinam meus ouvidos.

Não sei se choram ou se cantam.

Confesso, ouço uma revoada triste, uma canção cheia de cansaço e sono,

Como se algum desabandono lhes chegasse,

apesar de juntos,

enquanto este poeta, só,

no outro lado do desencanto da canção,

sente o coração também, noutra emoção, se acomodando