Dignidade e Resignação
 
Entre as intrigante emoções humanas
O amor é o paraíso
A amizade a paz
O ódio é a mais insana
O desprezo, travestido de indiferença
Por princípios, preferências ou crenças
Seria, após o ódio, a mais triste
Um lamento fúnebre por quem jaz em vida
O alimento pútrido da ferida
Certamente a doer mais em quem porta
Do que a quem possa ser dirigida
 
Fica-se então com a sensação de despedida
Para que o fim não se cumpra ao todo
Para que brote do lodo alguma esperança
Não como a expectativa entusiástica de uma criança
Mas como a chama proposta pela vida
Adulta, responsável e destemida
Epicentro da autodeterminação
E que justifique o afeto e consideração
Nos desafios que, mais que os nossos brios,
Nos impõe a lida.