A CORUJA PIA
A coruja pia no telhado
Em noite clara de agosto
Dando um novo colorido
Amarelo do ipê.
A lua a vaguear...
No serrado
A sombra pálida dos galhos
A esconder os caminhos
Das cortadeiras.
Um voo aqui,
Outro acolá,
Um chiado:
O predador
Abocanha a caça,
O ciclo ordeiro a perpetuar.
Entre o feio e o belo
O plácido e o terror!
Minúsculos nichos
Os cuitelos
Num estado letárgico
E natural.
O perfume suave
Das flores e frutos
Úmidas de orvalho.
O movimento orbital
Continua no equilíbrio
Universal.
Um tempo no tempo sem tempo,
O tempo sem tempo no tempo!
Belo Horizonte 13 de agosto de 2014 Atalir Ávila de Souza