A serena vida soprada
Os rastros que deixamos por onde passamos
são levados pelo sopro do vento
é soprado pelo urro ventoso
é borrado pelo sussurro do tempo
é guardado no íntimo temporal
E em tempestade me transformaste
Em turbilhões e relâmpagos
Em cada gota lagrimada pelas nuvens
E em um intenso estrondo cinzento transformou-me
No opaco breu sereno, mas com luzes radiantes
E os respingos de chuva caem
O vento urra
As gotículas chovem e retornam aos seus devidos lugares
As folhas se desprendem de seus galhos
E a música serena em pleno sereno começa
O vento e a tempestade
O turbilhão
O breu
Que se tocam por instantes
E quando juntos,
intensificam o choro da chuva
ou desviam sua rota
E a minha rota,
apagada pelo vento
e borrada pelo tempo,
é desviada,
esquecida
A tempestade me mostra
um novo caminho a trilhar
O tempo sussurra a sua cura
E as folhas que voam me guiam à minha ternura
E o som do vento esvoaçando meus cabelos
Faz-me ventar em minha sepultura.
Vem ser minha ventania, mas não sopre para longe o meu coração.