RIBEIRINHO FARINHEIRO

Pedra de amolar, gancho e terçado 
É verão amazônico é dia de puxirum
Caboco soado no cabo do vinte e um                                  
Enfrentando capoeira e capim amolado

Quanta alegria! O povão neste roçado
Quantos sonhos sonhados em jejum 
Mas no rosto, ainda tem sorriso algum
As mãos calejadas pelo trabalho suado

Nas manivas plantadas na sagrada terra 
Arrancam-se as raízes da sobrevivência 
E no infinitivo realizam sua penitência
Plantar e colher, árdua e infinda guerra

Família reunida em volta da mandioca  
Motorzinho catitu ralação e cicatrizes
É massa no tipiti, é  tucupi, é tapioca
José cortou lenha ele sabe as diretrizes   

Alguns paneiros de mandioca n’água
É está pronta uma mistura de primeira
Peneira Maria! Hoje tem muita crueira
Ela contempla o rio a levar a sua mágoa 

Forno preparado e começa a farinhada 
Remo e rodo instrumentos do farinheiro 
Tanta luta meu Pai! E tão pouco dinheiro
Quantas gerações nesta lida abençoada

A quentura é lacrimal, mas há quem insista
Mais uma fornada pro calçado do Zezinho
Mas é Deus quem guia o nosso caminho
Pois cada alvorecer é uma gloriosa conquista!

 

Créditos:
Saudações Artísticass a Este Mestre das Telas -  Artista Rubens Belém e o Quadro -  Descascadores de mandioca