Verdades guardadas
Há muito desejo estar a sós para termos esta conversa
Para eu poder dizer na sua cara o que tenho guardado todos esses anos
Sabia que chegaria o dia
Tinha absoluta certeza disso
E não adianta esse seu costumeiro silêncio
Irá ouvir sim
Haverá tempo
São tantas coisas acumuladas que até temo não lembrar de todas
Mas as que estão guardadas deverão ser o suficiente
Só essa espera já foi um castigo
A dúvida do quanto eras mesmo indiferente
Essa prova de paciência que sempre me exigistes
Tal como agora, que absorves sem retorno
Que continuas a não repercutir
Sendo praticamente como sempre fostes
Incompreensivelmente dura e enigmática
Silenciosa e penetrante com o teu frio existir
Na verdade, companheira,
Isso de te disfarçares em liberdade
E aos poucos te apresentares como solidão
Só me faz pensar quem verdadeiramente serias
E quem, além de mim, poderia parar com estas tuas metamorfoses
Está bem...
Acho que sou eu mesmo.