O BANQUINHO
Havia uma imagem semelhante a mim ali
E me fitava profundamente me indagando
Desconhecendo, porém, o motivo do questionamento
Sentado em um banquinho de madeira
Já tão encharcado e apodrecendo
Talvez pela chuva que não parava
Talvez por suas lágrimas amargas também infinitas
Aqueles olhos tão iguais aos meus, apenas mais velhos
Me desconforta não encontrar a plenitude nessa luz
E essa se esvanece vagarosamente em sombras que devoram tudo impiedosamente
O banquinho repousava na terra batida
A frente de uma enorme figueira que crescia sem parar
Alimentada por medos, anseios e ilusões
Eu grito para esse homem no banco
Ele grita de volta com as mesmas palavras
- Ande! Há um mundo bonito fora da sombra dessa árvore que te sugas!
A imagem não se mexe e ali fica
Eu também não ouso me distanciar
Tenho que tirar aquele homem dali
Mas ele diz que me seguiria
Se eu apenas lhe apontasse a direção
Estou perdido respondo...
Deixe-me sentar ao teu lado
Vou pensar e decidir pelo melhor caminho
As lágrimas voltam ao seu rosto
E eu estou chorando também enquanto aquela árvore começa a frutificar