AQUARELAS

Tardes outonais de maio

Soprando sulinos ventos,

Horizontes em desmaio

E os sóis tão sonolentos.

Nuvens ralas e cinzentas

Lá no céu desenham mantos,

Folhas mortas rolam lentas

Aninhando-se nos cantos.

Chaminés rabiscam giz,

Anuviam os vitrais,

Vai mudando a matiz

Das varandas e varais.

Ficam nus os alfeneiros,

Pardais dormem bem mais cedo,

Nas forcas vêem-se inteiros

Ninhos feitos em segredo.

Vêm felizes para os lares

De mãos dadas, os casais,

Ternuras prendem olhares

E os amores dão-se mais.

Veio ele de mansinho

Abrindo nossos armários,

Convidando para um vinho

E aconchegos solidários.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 19/08/2015
Código do texto: T5351558
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