Se um dia...
Eu não quis nem mesmo saber se lá fora estava,
ou não a lua,
Ou se faria ao amanhecer chuva ou sol.
Entreguei-me ao momento único e já tardio.
Naquele pequeno espaço, entrelaçados os braços,
Já não havia espaço vazio.
O que antes fora desejos, sonhos contidos,
Agora eram pedaços de amor e de linhos.
Olhei atentamente os teus olhos,
Como quem procurava o passado,
Enquanto enxergava no presente,
Como se nunca estivera ao meu lado.
E assim veio o amanhecer que morria,
Que matava, sem que sentisse,
Um misto de paz e euforia,
Tendo antes o que sonhava,
Sonhando agora o que voltava a ser falta.
E por fim eu já não me contia,
Fundado em renovar a esperança,
Da difícil arte de viver na treva,
Sem sucumbir em plena luz de um novo dia.